Matéria publicada no Diário do Nordeste desta terça-feira (29/08)
Foto: Reinaldo Jorge/Diário do Nordeste
Professores, universitários e escritores estiveram reunidos, na tarde de ontem, aprofundando os estudos sobre o livro "O Cearense" de Parsifal Barroso. O auditório Castelo Branco, na reitoria da Universidade Federal do Ceará (UFC), Instituição na qual o autor foi professor, recebeu o evento. O seminário contou com a abertura do vice-reitor da UFC, professor Custódio Luís Silva de Almeida, e a participação do presidente do Instituto Myra Eliane e neto de Parsifal Barroso, Igor Queiroz Barroso.
Publicada originalmente em 1969, a obra é um estudo antropológico em forma de ensaio, que trata da formação do povo cearense e que lança o conceito de "cearensidade". A segunda edição do livro "O Cearense" foi lançada pelo Instituto Myra Eliane, em agosto, durante sessão solene na Assembleia Legislativa do Ceará.
"Hoje, estamos aqui pela trilha do cientista social que teve a marca forte na antropologia. Um cearense que leva uma deliciosa leitura. Um autor, como a gente diz em filosofia, com uma honestidade intelectual gigante. Ele busca, de fato, a correspondência étnica cearense. Até que ponto essa vocação migratória teria uma marca cigana. A leitura mostra o querer dele encontrar isso", avaliou o vice-reitor da UFC. A obra ainda foi analisada pelo cientista político Josênio Parente e as escritoras Ângela Gutierrez e Ana Miranda.
O presidente do Instituto Myra Eliane, Igor Queiroz Barroso, falou sobre o amor de Parsifal pela vida universitária e empresarial. "A UFC é o grande berço da vida acadêmica do meu avô. Estou tendo esse momento pois ele transitava em dois mundos, o político e o empresarial. Ele gostava de encerrar o expediente de governador e entrar em uma sala de aula. Tinha prazer em ser chamado de professor, do que mesmo qualquer outro cargo público. A ideia do seminário é ofertar à academia a discussão".
Considerado um dos primeiros estudos do que passou a ser conhecido posteriormente como o conceito de "cearensidade", o livro destaca características tão conhecidas e destacadas atualmente, como a tenacidade dos cearenses em enfrentar a seca e o fato de eles deixarem a terra natal para tentar a vida fora.
Vida
José Parsifal Barroso nasceu em Fortaleza, no dia 5 de julho de 1913. Era casado com Raimunda Olga Monte Barroso, com quem teve cinco filhos. Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais, pela Faculdade de Direito do Ceará, atuou como advogado, professor, jornalista e político.
Na época, além de "O Cearense" ter tido repercussão na imprensa nacional, como na revista O Cruzeiro, Parsifal publicou diversas obras como "Pedro, nosso irmão", "Na casa do Barão de Studart", "Um francês cearense", e "Senador Pompeu, um cabeça-chata autêntico" (separada da Revista do Instituto do Ceará), "Vivências Políticas" e "Uma história política do Ceará".