Matéria publicada no jornal Diário do Nordeste - 11/02/2017
Desenvolver ações para a promoção, no Ceará, de uma educação infantil de qualidade e embasada em valores éticos e morais. Com esta proposta, o Instituto Myra Eliane e o Centro de Apoio Operacional da Infância e da Juventude (CAOPIJ), do Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE), lançaram, nessa sexta-feira (10), em evento na sede da Procuradoria-Geral de Justiça, o projeto "Valores Humanos na Educação Infantil".
A iniciativa pretende implantar, em creches e pré-escolas cearenses, uma visão humanística da Educação. Para isso, a parceria viabilizará a inclusão, nas leis municipais, de mecanismos que garantam a adaptação de projetos pedagógicos para que estes incluam conteúdos destinados à formação do caráter de crianças de até seis anos de idade.
Ao mesmo tempo, o projeto oferecerá capacitações a profissionais do ensino infantil, de forma que eles possam inserir a disseminação de valores humanos em sua atuação. Nessa sexta-feira, dando continuidade ao trabalho iniciado em agosto do ano passado em Fortaleza, sete cidades da Região Metropolitana assinaram Termos de Ajuste de Conduta (TAC) comprometendo-se a aderir ao projeto. Neste grupo, estão os municípios de Caucaia, Horizonte, São Gonçalo do Amarante, Eusébio, Pindoretama, Aquiraz e Maracanaú.
Segundo o presidente do Instituto Myra Eliane e diretor do Grupo Edson Queiroz, Igor Queiroz Barroso, o projeto contribuirá para que crianças em situação de vulnerabilidade possam ter acesso a uma educação infantil com aspectos que despertem a cultura de paz, a tolerância e a solidariedade.
Impactos
A mudança, ele completa, poderá gerar impactos positivos na redução de problemas sociais do País, como a violência e a corrupção. "O objetivo é que a criança, ao chegar aos seis, sete anos de idade, tenha dentro dela um sentimento de autoestima e possa discernir minimamente o certo do errado.
Normalmente, ela aprenderia isso com a família, mas, se não, aprende na escola. Começamos em Fortaleza. Porém, a meta é maior, de chegar a cada vez mais municípios", justifica.
Na parceria, o Instituto ficará responsável por acompanhar a implantação da pedagogia humanística nas creches e pré-escolas e promover qualificações de profissionais.
Nesse intuito, a entidade criou materiais didáticos próprios que ajudarão na capacitação dos educadores e na consolidação do projeto. "Vamos promover cursos para os diretores e eles vão voltar para as escolas e repassar o que aprenderam", destacou Igor Queiroz.
Importância
O coordenador do CAOPIJ, promotor Hugo Mendonça, afirma que ao Ministério Público caberá cobrar dos municípios a realização de medidas efetivas para a universalização da educação infantil e acompanhar o desenvolvimento das ações de inserção dos valores humanos nos projetos pedagógicos. "Nossos promotores vão acompanhar o cumprimento de ações e da mudança nos planos municipais de educação para que essa formação em pedagogia humanística seja obrigatória", ressaltou o promotor.
O prefeito do Eusébio, Acilon Gonçalves, salientou a importância da iniciativa para o Município, um dos sete a assinar o TAC. "Nosso desejo é que todos os municípios façam a adesão para que possamos criar uma metodologia de ensino com humanização para as crianças".
O que elas pensam
Qual o mérito dos valores na educação?
"A violência que a gente vive hoje só tem jeito com um maior investimento na primeira infância. Uma criança bem cuidada, olhada, com voz, que se sente verdadeiramente amada, tende a desenvolver melhor sua autoestima e, consequentemente, ser muito menos violenta".
Carol Bezerra - Primeira-dama de Fortaleza
"Assinamos o Termo de Ajustamento de Conduta com o Instituto no ano passado porque entendemos que trabalhar valores morais e éticos fortalece o desenvolvimento integral da criança. Nossa proposta curricular para o município já contempla esses valores; então a parceria vem a fortalecer"
Dalila Saldanha - Secretária de Educação de Fortaleza
'É através da educação em valores humanos que vamos mudar o comportamento do nosso povo e acabar com as cenas de violência e criminalidade que vemos hoje. Precisamos nos comportar pelas nossas próprias decisões, sem necessidade de fiscalização".
Vanja Fontenele - Procuradora-geral de Justiça em exercício do Estado